A melhora da qualidade de vida para a população idosa esta
ligado diretamente a prevenção de algumas patologias, a prática de atividades
físicas, o lazer entre outros aspectos sociais.
Quando falamos na população idosa do nosso país ainda
notamos um certo descaso a esse publico, tais como: ausência de cuidados
específicos, preconceitos por parte de alguns indivíduos (familiares, e
empregadores principalmente) que os consideram incapazes, ausência de tratamento
adequado por órgãos de saúde publica ou privada, a própria cultura ocidental
que vê o idoso como um “peso” enquanto os orientais culturalmente os tratam com
extrema importância pela consideração, e pela figura de um sábio ancião a ser
consultado, outros aspetos também exclui os idosos da sociedade moderna como
preconceitos ligados a dificuldade de aprendizagem ou te interatividade com a
tecnologia, enfim poderíamos ficar escrevendo linhas e linhas sobre isso, mas a
ideia é abordar nesse texto de forma simples e com uma linguagem facilitada,
tópicos sobre como podemos melhorar a qualidade de vida dos idosos com a
prática do treinamento de força.
Primeira coisa que devemos notar ao tomar esse assunto como
tema é que o treinamento de força para idosos lida com duas variáveis
principais que é: melhora significativa na saúde corporal (física) e melhora
psicológica (mental).
Vamos primeiramente citar as principais dificuldades que os
idosos enfrentam se baseando nessas duas variáveis, que é dificuldade de locomoção,
movimentos limitados, doenças por conta do sedentarismo físico como doenças
cardiovasculares e aumento da pressão arterial, osteoporose, diabetes etc, e na
variável psicológica, podemos notar a solidão, depressão, baixa autoestima,
tristeza entre outras.
Pensando agora em como o treinamento de força poderia
auxiliar no tratamento de todas as patologias mencionadas acima, devemos partir
do conceito que o idoso é um ser humano como qualquer outro e sendo ele um
idoso saudável teremos ainda mais facilidade para auxiliar na prevenção de tais
patologias, e sendo ele um idoso portador de alguma patologia mencionada acima,
também podemos melhorar significativamente sua qualidade de vida porém devemos
ter alguns cuidados extras.
Estudos mostram que a sarco penia que é a perda de massa e
função muscular é uma das características mais importantes no envelhecimento.
O predomínio da sarco penia dependendo muito da definição
usada, varia de 10 à 30% nos homens que estão na faixa etária dos 60 anos e nas
mulheres na faixa dos 50 anos.
Se pegar um indivíduo saudável na faixa dos 20 à 80 anos a
perda de massa muscular cumulativa equivale a 35 à 40 %, mas vale lembrar que
essa perda de massa muscular não esta associada a perda de peso corporal uma
vez que devido a substituição natural da massa magra pela gordura corporal.
Isso gera uma atrofia da contração muscular rápida das
fibras do tipo II, essa perda de massa muscular que ocorre diminuindo a área da
seção transversal das fibras musculares e o aumento da gordura intramuscular e
no tecido conjuntivo faz com que ocorra uma redução no volume do tecido
contrátil disponível para locomoção e para as funções metabólicas.
E onde então o treinamento de força entra?
O treinamento de força (musculação) se acompanhada por um
profissional qualificado, e com o devido acompanhamento, pode estabilizar essa
perda de fibras do tipo II, segundo Pollock & Wilmore, 1993, os
treinamentos com pesos (musculação) é muito útil para o aumento da massa
muscular e levando a um aumento bem significativo no tecido captador de glicose
mesmo em repouso!
Mas partindo para uma linguagem mais simples a musculação
aplicada de forma apropriada, e quebrando o paradigma de que musculação para
idoso não se deve aplicar cargas, cai por terra uma vez que o estimulo e o
aumento de massa muscular é possível somente com aplicação de cargas elevadas
respeitando a limitação e a condição de cada indivíduo.
Com isso aos poucos o idoso terá ganhos significativos
melhorando sua força, estabilizando sua postura através da musculatura
treinada, e melhorando sua mobilidade, com isso podemos devolver ao paciente ou
aluno uma qualidade de vida melhor.
Mas muitos devem estar perguntando, mas por que carga
elevada?
Porque as fibras do tipo II (contração rápida) só é estimulada com
cargas elevadas, ou seja de nada resolve o profissional que pega o idoso, e
trabalha sempre com cargas extremamente baixas, esse tipo de treino ira apenas
cansar o aluno e não ira estimular as fibras musculares que ele mais perde com
o passar de idade, sendo assim, existe também uma atenção especial ao idoso com
algum trauma articular, pois neste caso a carga elevada ira prejudicar em vez
de ajudar no desenvolvimento e no trabalho empregado ao aluno, mas existem
métodos muito eficientes que podem ajudar nesses casos, como o Kaatsu Training (falarei deste método numa próxima oportunidade) que consiste em realizar a
oclusão do fluxo sanguíneo do membro a ser treinado, porém a oclusão deve ser
parcial usando uma bolsa pneumática para reduzir o fluxo sanguíneo, e usando a
pressão arterial sistólica como referencia para manter durante o treino, este
tipo de treino vem sido estudado pela UFRJ, mas pouco ainda difundido no
Brasil.
A musculação (treinamento de força) bem aplicado ajuda e
muito se o protocolo montado pelo profissional de educação física respeitar
tais limitações, então não existe motivos para se preocupar achando que idosos
com problemas articulares só treinarão através do Kaatsu Training, e inclusive
podemos também ressaltar neste texto que o treinamento de força é extremamente
indicado no tratamento de osteoporose, pois é errado pensar que o osso é apenas
uma estrutura que mantêm nossa postura, hoje a ciência já trata o osso como um
órgão , e isso é devido as inúmeras patologias que ele pode desencadear.
Por existir o osso compacto e osso poroso, esse ultimo que
esta ligado diretamente a matriz óssea que é degenerada com o surgimento da
osteoporose, o osso precisa ser estimulado e o estimulo ósseo é o impacto.
Então para tratar de osteoporose precisa gerar impacto ao
osso?
A resposta é sim, ele responde a estímulos gerados pelo
impacto, mas por estarmos falando de um publico onde não podemos gerar impactos
intensos por conta dos riscos de lesão articular, empregamos o treinamento de
força para tratamento da osteoporose, pois temos uma vantagem nesse tipo de
treinamento que é a variável carga, pois como podemos controlar a carga que
será aplicada no paciente o risco de lesão diminui, e muitos podem se
perguntar: Mas o leg press por exemplo (aparelho de pressão nas pernas) não
gera impacto no osso! Exato, ele não gera impacto, mas gera tensão no osso
estimulando o mesmo, e a tensão que desejamos aplicar ao nosso paciente ou
aluno (como queira chamar) é controlada através da carga que o profissional ira
usar nas sessões.
Sendo assim o idoso por usa vez além de ter ótimos ganhos na
sua mobilidade, fortalecimento muscular, podemos citar outros benefícios, como
a aceleração metabólica, prevenção de doenças cardíacas, e hipertensivas.
E como deve ser iniciado o treinamento com o paciente idoso?
É de suma importância que o profissional em questão de
ênfase aos membros inferiores, pois são eles que estão ligados diretamente com
mobilidade e locomoção do paciente, não devendo ser ignorado membros superiores
claro, mas a ênfase deve ser dada aos membros inferiores.
Poucas pessoas sabem, mas um dado que não podemos ignorar é
que muitos idosos sofrem acidentes graves ou até mesmo morrem em consequência
de atropelamentos, isso se deve por um fator psicológico do idoso, pois ele
atravessava a rua num determinado tempo na sua fase adulta e ele calculava a
distancia do carro que vem e a distancia a ser atravessada e conseguia
atravessar com êxito, porem ao envelhecer ele ainda pensa que tem a mesma
velocidade e explosão muscular para atravessar o mesmo percurso porém como
vemos acima, durante a vida de uma pessoa as fibras musculares do tipo II vão
diminuindo e ainda mais em decorrência do sedentarismo, e o idoso ao atravessar
a rua o cérebro manda a informação para os músculos gerar a contração muscular,
(A contração muscular corresponde a um encurtamento
das fibras musculares como resposta normal a um estímulo nervoso) mas o
deficit de fibras de contração rápida responsável por movimentos como corridas,
trotes, ou piques ou deslocamento rápido, faz com que exista uma “falha” e o
idoso não consegue arrancar com a mesma potência que ele fazia antes,
ocasionando o acidente por atropelamento.
Portanto o treinamento de força deve ser desmistificado,
com a ideia de apenas um culto ao corpo, ou ligado apenas a estética, o
treinamento de força é uma atividade física muito importante para uma melhor
qualidade de vida, e infelizmente muitas pessoas quando pensa na musculação,
logo pensa em músculos enormes, pessoas extremamente hipertrofiadas, e não é
assim, se as pessoas soubessem o quanto é difícil construir um corpo
hipertrofiado, ou esculpido, o quão é exigido da pessoa em relação ao treino,
dietas, e outras variáveis, isso seria menos mistico aos olhos de pessoas que
desconhecem a musculação como uma opção para a prática de atividades físicas.
Espero que tenham gostado do texto!
Abraços!
Ricardo Sidney Ferreira Leite – 21-03-2014
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