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Hoje
procurarei uma forma de descrever as barreiras e dificuldades
enfrentadas rotineiramente por aqueles que procuram atendimento nas UBS
Unidades Básicas de Saúde, conhecidos popularmente por "Postinhos" ou "
Centros de Saúde".
Devido
a crise econômica do país acentuada pelo grande número de
desempregados, os altos preços praticados pelo comércio devido ao
disparo dos preços de combustíveis, muitas pessoas já não conseguem mais pagar seus convênios com os reajustes abusivos de preços, tudo isso vinculado e justificado pela "Crise", e estão migrando para o SERVIÇO PÚBLICO sufocando ainda mais os hospitais e os conhecidos Centros de Saúde, já desgastados pela falta de investimentos das Secretarias de Saúde dos Municípios.
As pessoas talvez nem parem para ler seus tickets de compras para tomar conhecimento dos impostos pagos pelos cidadãos em suas despesas habituais e muita gente ainda acha que "Graças a Deus temos atendimento gratuito nas saúde pública". Não é gratuito, verifiquem o pagamento de impostos altíssimos sem falar na arrecadação abusiva de Imposto de Renda.
Mas voltamos lá: certa pessoa começa a passar mal em casa, vamos supor um caso comum>> perda de apetite, de peso, dor gastro intestinal seguida de náuseas, vômitos e diarreias. Todos esses sintomas necessitam de avaliação médica, então procura-se o Centro de Saúde da região onde reside, porém, nesse local a rotina é passar pela avaliação da enfermeira que irá "julgar" ser o atendimento rotina ou urgência.
Duas situações: ROTINA >> agendar uma consulta com médico clínico para avaliar a paciente, isso demora no mínimo 30 dias. URGENTE >>; tentar um encaixe com o médico em plantão naquele dia >>; pode chegar a um tempo de espera maior que duas horas. Se for atendido terá que agendar dia e horário para coleta de exames laboratoriais, ECG, RX. A demora é maior de 15 dias.
Isso tudo com todos os sintomas já descrito. Opa já perceberam que esbarramos em impedimentos, o usuário normalmente desiste e volta para casa, não aguenta esperar com tantos sintomas e dores. Ou então resolve passar pelo Pronto Socorro do Hospital Público.
Rotina mais complicada agora: Retira uma SENHA e aguarda horas a ser chamada pelo monitor, então apresenta documento de identidade e cartão SUS, e uma nova espera. Agora irá passar por uma triagem no ACOLHIMENTO da entidade, e novamente é a enfermeira que baseada em prévias orientações classifica o atendimento; normal ou urgente, ou preferencial por idade ou deficiência física.
Se o usuário der sorte será atendido por um médico muito bom que procurará investigar através de exames laboratoriais e de imagens ( Ultrassonografia, tomografia, endoscopia, colonoscopia, etc.). Para que tudo isso aconteça esse usuário ficará dentro do hospital pelas próximas 3 a 4 horas esperando os resultados dos exames laboratoriais, e outro médico (nem sempre é o mesmo) irá avaliar a necessidade de tratamento com remédios ou uma possível internação. Os demais exames citados seriam solicitados pela "Especialidade" demandando mais algumas horas de espera.
Daí, o cidadão estará perdido mesmo, porque os hospitais estão superlotados e ficará aguardando uma vaga sentado numa cadeira do pronto socorro desconfortável, sem alimentação, e com um pouco de sorte poderá estar sendo hidratado com soro terapia. Isso tudo é no mínimo além de lamentável bastante sofrível!!
Isso não acontece somente com o usuário do povo, e sim com os próprios funcionários da entidade. Posso afirmar que já passei por isso, mas abandonei a espera e com muito sacrifício fui pagar um médico particular.
Não estou aqui dizendo que as pessoas devem fazer isso, mas que fiquem preparadas para sofrer muito pela espera na resolução de sua enfermidade.
Esse é o nosso país das mil maravilhas!! Estamos vivendo esse terror há mais ou menos 20 anos, antes disso as situações eram resolvidas com maior facilidade. Eu nunca vi tamanho descaso com os cidadãos nem na época do REGIME MILITAR que muitas pessoas são mal informadas e acreditam que os soldados perseguiam cidadãos nas ruas e os matavam. Não!! a matança está ocorrendo agora!!
E matança de todas as formas!!
Infelizmente algumas pessoas em melhores situações financeiras não conseguem imaginar quanto estão sofrendo os USUÁRIOS SUS DEPENDENTES. Os políticos fazem suas campanhas, gastam bilhões em propagandas eleitorais, mas há mais de 40 anos eu não vejo um deles construir mais um hospital público para a sua cidade.
As administrações regionais não dão conta de fiscalizar as Unidades Básicas de Saúde.
Olhem o que eu li no Centro de Saúde da Vila Esmeraldina em Campinas SP >>Srs. Usuários a partir de agora tragam seus cartões SUS para serem atendidos, sem eles voces não terão nenhum atendimento. Quando voce usuário vai ao mercado leva seu cartão de crédito para pagar suas compras, então, aqui é a mesma coisa!! Não se esqueçam tragam seus cartões>>
Essa Unidade Básica fica no final de uma rua esburacada, sem calçadas para andar, o mato comendo solto, os funcionários tratando mal os pacientes, e pior a casa onde isso funciona está em péssimas condições, com paredes emboloradas, quebradas, pintura desgastadas pelo tempo.
No dia em que estive lá, meu filho conversou com uma enfermeira recém-chegada e meio sem jeito respondeu a uma pergunta dele, aqui é assim, quase todos os dias comemoram aniversario de funcionários como a casa é pequena todos ouvem o "Parabéns a voce", mas alguém tem que trabalhar neh??
Nesse momento uma mulher que aguardava atendimento pela equipe de triagem saiu chorando reclamando de dor e do tempo absurdo de espera com tanta gente sem fazer nada.!!! Funcionárias lhe respondeu: Problema é seu.
Dessa forma, nós SUS DEPENDENTES temos que estar preparados para enfrentar a longa espera, pelo atendimento e médico e respeito dos funcionários. Muito lixo fica jogado debaixo do tapete.
Sonia Sidney.