Dois
ministros dormindo num dia, um ministro dormindo no outro, sabem-se quantos
telespectadores dormindo a cada reunião do Supremo no julgamento do mensalão. É
um caso importantíssimo; e chatíssimo. Pior, é chato sem necessidade. Todos já
sabem que os meritíssimos têm méritos, os doutores são doutos, as excelências
são excelentes. Por que ocultar o pensamento sob tantas palavras?
Imaginemos
que as mil e poucas páginas do relatório fossem divididas: uma parte curta
traria opinião e decisão do ministro; outras, com citações, antecedentes,
justificativas, se transformariam em link da Internet.
Quem
quiser lê-las as terá a disposição, sem consumir duas ou três tardes ouvindo a
leitura de tudo – e, melhor, podendo retornar a algum trecho, se quiser. Caso
alguém prefira ouvir, o link trará uma opção de som, com um locutor
profissional e especializado.
Estranho?
Nem tanto: antigamente, os processos eram escritos a mão em papiro ou
pergaminho; passaram a ser impressos, sem que nada se perdesse. Hoje é
desnecessário, como era feito a pouco tempo, costurar os processos com
barbante.
Por
que não usar os meios eletrônicos para facilitar o trabalho dos ministros e
advogados, para que o público entenda melhor o que está acontecendo?
Este
colunista, dizem pessoas abalizadas (especialmente parentes e amigos) não é um
burro. E não tem a menor condição de acompanhar e entender a posição do juiz
expressa em mil páginas. O palavrório desperta o sono, não a inteligência.
Que
o processo judicial acompanhe os tempos.
MIL
PÁGINAS, NEM SHAKESPEARE.
OBSERVAÇÃO:
Esse texto é uma publicação do Jornal Correio Popular, e foi cedido para esse blog com autorização do seu autor: Jornalista Carlos Brickmann.
AGRADECIMENTO: Agradeço a especial gentileza do Sr Carlos Brickmann pela permissão de publicação do texto veiculado no Jornal acima, em 22/08/2012
sonia.
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