24 de outubro de 2010

> Falando em Política ...

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Neste espaço tinha uma postagem brincando com política, que por ter sido considerada BRINCADEIRA DE MAU GOSTO, inclusive críticada por eu pertencer à saúde pública achei por bem, EXCLUÍ-LA.

Nasci, cresci, em estado de pobreza, e tudo que me lembro é que:

- necessidades fisiológicas eram feitas de cócoras em chão batido de terra em um buraco e sobre o qual eu me equilibrava, para que as eliminações caíssem no lugar certo, ou seja, hoje eu sei que aquilo era uma FOSSA FEDORENTA.

- tudo que eu tinha para alimentação era colhido no próprio quintal, ou seja, verduras, ovos, carne de galinha, de coelhos, de porcos, e o resto eram doados pelos vizinhos.

- roupas minha mãe costurava com pedaços de tecidos que minha tia arrematava de feirões nas bancas de liquidação da cidade de São Paulo.

- a maior parte de minha vida passou em casa de minha avó, tios, porque minha mãe, antes de se casar, contraiu tuberculose, não se curou direito, e as seqüelas tiraram-lhes a saúde durante toda a vida.

- estudei em escola pública com cadernos feitos com papel de embrulhar pães de padaria, livros doados por alunos de escolas pagas, mas graças a Deus tenho uma inteligência invejável.

- infelizmente perdi minha mãe há trinta e cinco anos. Não havia assistência SUS tudo tinha que ser pago, e então minha irmã que era secretária executiva, demitiu-se da empresa para cuidar de mamãe, eu e meu pai dávamos nosso salário para pagar hospital, médicos, medicamentos, enfermeiros noturnos, enfim, nós passávamos necessidades para dar-lhes uma sobre vida digna, e um pouco menos dolorosa. Hoje minha irmã é uma conceituada advogada na cidade de Jundiaí,São Paulo, Brasil.

- Por ver minha mãe sofrer e nada poder fazer por ela, desisti do curso de MEDICINA, e desde então, achei que deveria me dedicar a cuidar dos pobres que sofrem nos hospitais e UBS públicas.

- Acredito em Deus e creio que essa é apenas uma passagem, que a pobreza ou riqueza, o poder, o dinheiro, o direito de ir e vir, de falar, sentir, ver, ouvir, é efêmero.

- Acredito que enquanto houver pessoas achando que o país está BOM do jeito que ESTÁ, e que CRITÍCAS são destrutíveis, e que não se IMPORTAM com as propostas de EDUCAÇÃO, SAUDE, SEGURANÇA, e ainda acreditam em PAPAI NOEL, é porque tem muito dinheiro, e podem comprar passagem de avião quando quiserem, devem falar inglês fluentemente, morar em mansões, estas, são as raridades de nossa NAÇÃO SOFRIDA.

- Enquanto houver pessoas olhando para o próprio umbigo, e não para o país como um todo, e se esquivar de ver mães vendendo filhas a gringos no nordeste para comprar comida para os filhos menores, enquanto não houver uma política séria de PLANEJAMENTO FAMILIAR, e enquanto o GOVERNO NÃO COLOCAR MÉDICOS GINECOLOGISTAS, GENERALISTAS, suficientes para atender a população, este nunca será um PAIS JUSTO.

- Enquanto o GOVERNO NÃO SE EMPENHAR SERIAMENTE em SEGURANÇA PUBLICA vai continuar a MATANÇA cada vez maior todos os dias em todas as cidades desse imenso país.

- Enquanto o GOVERNO NÃO IMPLANTAR UMA POLÍTICA DE REMUNERAÇÃO DIGNA A POLICIA, SAÚDE, E EDUCAÇÃO, vai continuar o domínio do TRÁFICO DE DROGAS EM TODA A EXTENSÃO DO NOSSO PAIS.

- Agora sim, quem quiser me criticar, fique a vontade, porque este texto é meu, inteiramente meu,não li em nenhum lugar, ninguém me contou.

- Eu jamais zombaria de um ser humano portador de deficiência física porque a pior deficiência do ser humano é negar-se a enxergar as necessidades dos outros.

Sonia.



7 comentários:

Daniel Savio disse...

Infelizmente, um pais que tinha tudo para ser um pais grande, acaba sendo soterrado pelo erros do povo que não entende que podemos ser muito mais...

Fique com Deus, menina Sonia.
Um abraço.

Wanderley Elian Lima disse...

Olá Sonia
Passei para lhe desejar uma linda semana.
Bjux

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Sonia. Amei o que escreveu e concordo com cada uma dessas palavras, que por sinal, estão muito bem escritas e com raciocínio encadeado e sincronizado. Uma pessoa que passou por todas essas coisas, deve se orgulhar de seu passado e valorizar muito o que conquistou e vem conquistando no presente, inclusive dando essa aula de conduta moral para todos nós. Beijos, amiga e obrigada por sua presença no Arca.

comunicadoras disse...

Não tenho mais nada a acrescentar ao seu belíssimo texto, Sonia. Está excelente e lamento muito ter sido alvo de críticas ao que escreveu, Se fosse eu não tinha tirado. O blog é seu e quem não gostar que não o visite. Estamos em países livres e cada um escreve o que quiser. Há muita coisa errada no seu país, no meu e no mundo inteiro e há que ter coragem de falar dos problemas. Continue, Sonia, pois com o seu historial de vida tem mais é que ficar revoltada com o que acontece nos dias de hoje. É um dever de cidadania denunciar o que está mal. Um beijinho, amiga e daqui a uma seman voltarei, pois vou fazer uma viagem com o meu irmão que veio do Brasil passar férias cá. Não desanime e continue sendo a mulher sincera e frontal que tem mostrado ser.
Emília

Bergilde disse...

Compreendendo e aceitando nosso passado podemos viver melhor o presente e nos preparar para o futuro.Eis o que percebí na sabedoria de suas palavras,parabéns!
Da ITA,Bergilde

orvalho do ceu disse...

Olá, querida
Venho propor-lhe algo no meu post de hoje...
Conto com sua participação amiga.
Excelente semana,cheia de ricas bênçãos!!!
Abraços fraternos

orvalho do ceu disse...

Olá,querida
Para vc que mostra em seu post o seu lado bem humano:
venho propor-lhe algo no meu post de hoje...
Conto com sua participação amiga.
Excelente semana,cheia de ricas bênçãos!!!
Abraços fraternos