18 de março de 2010

> Pessoas poderosas

Elisabeth passava há quinze anos no mesmo trajeto para chegar ao trabalho, e todos os dias encontrava um velho maltrapilho, barbudo, sujo, e com sinais de demência a perambular pelas ruas, falando sozinho, pedindo e xingando.
Passava-lhe pela cabeça o que levara um homem àquele estágio de sobrevivência sem perspectiva, dormindo nas calçadas, abandonado, levando a crer que o mesmo não tinha família.

Elisabeth tinha o hábito de ler muito, assistir a palestras, e se inteirava sobre tudo a respeito de espiritualismo, vivências atuais e passadas.


Numa dessas palestras, foi explicado pelo mentor espiritual sobre as condições de vida das pessoas, as diferenças sociais, provações, livre arbítrio.


Porque algumas pessoas tem muito dinheiro, e outras vivem em sacrifício, fazendo escolhas das prioridades? Explicou que nosso corpo é apenas um físico ao qual devemos respeitar cuidando da saúde, evitando os vícios, e entender que abrigamos o espírito, que é eterno.


Por este motivo, passamos muitas vezes por esse mundo, mas não está em nosso consciente, pois, se lembrássemos da vida passada, não poderíamos viver plenamente o presente, resgatando muitas vezes dívidas. Dívidas espirituais claro.


Saindo de volta para casa, Elisabeth sentiu muita vontade de conversar com um homem que ela conhece há muito tempo, e esclarecê-lo para que tenha tempo de perceber seus erros enquanto pode.


Esse seu conhecido, tem uma vida financeiramente tranquila, graças a sua AVAREZA, trabalhou durante 35 anos de sua vida guardando dinheiro, contando centavos. Tem o costume de marcar tudo que é possível: leitura diária de água e luz, para controlar o gasto, marcar quilometragem de carro toda vez que abastece, dia, hora, litros de combustível e valor.


Aposentou-se, e deu-se por satisfeito ficar em casa sem fazer nada, a não ser economizando, não viaja para não gastar em pedágio, hotel etc. Consulta o jornal todos os dias, verifica as taxas de juros de aplicações e poupança, senta em sua mesa de jantar, e aí anota dia a dia seus ganhos nos bancos.


Quando lhe pedem alguma coisa no portão a resposta é sempre a mesma: nada tenho para lhe dar; não cumprimenta os vizinhos para que os mesmos não venham lhe pedir favores, amaldiçoa pessoas no trânsito, e a pouco tempo perdeu num acidente o seu futuro neto. Pelo menos ele pagou psicólogo para a neta.


Elisabeth já teve vontade de explicar a ele a necessidade de mudar o comportamento, porque da maneira como vive, irá sofrer muito quando chegar a hora de sua partida. Conforme ela soube, o espírito fica apegado ao corpo sentindo as dores da decomposição, até que aceite a ser socorrido por um espírito de luz.


Provavelmente após um longo tratamento no plano espiritual, terá autorização para reencarnar, e como estará esclarecido a respeito da nossa passagem por esse mundo, poderá optar a retornar pobre, ou deficiente, ou mesmo rico novamente, tendo aprendido porém, que DEUS nos dá livre opção de conduzir a vida. Podemos ser caridosos, humildes, companheiros de viagem, e fazer bom uso de seu poder aquisitivo. Temos que resgatar nossos erros.


O que mais, preocupa Elizabeth é saber que esse homem, mesmo estando separado da mãe de seus filhos há muitos anos, não fala mais com ela, e comenta que foi depois que se viu livre dela, que conseguiu guardar todo esse dinheiro. Bem, para quem teve a coragem de abandonar ao pai com câncer de pulmão num quarto com banheiro, construído por ele próprio, coberto com telhas de "brasilite" e sustentado por caridade pelos vizinhos...


Referindo-se a segunda esposa, com quem viveu 18 anos, diz que ela nada significou na vida dele, além de um saco de lixo, ao qual ele não deu nenhum valor, apesar de tê-la usado sexualmente é claro, e como doméstica de sua mansão.


Sabe também Elizabeth que muito criticou seu filho quando separou-se de sua esposa, e logo depois casou-se com outra mulher que já tinha uma filha, e mais ainda sabendo que a mesma ficara grávida, comentando, que teria que dividir seu património com estranhos.


Elizabeth é uma mulher que sempre trabalhou muito, faz mais pelos outros do que por ela mesma, este é apenas um relato curioso, que pode servir para abrir os olhos da alma de algumas pessoas. O mundo não vai acabar, talvez daqui uns duzentos anos, eu ainda volte a escrever, em algum espaço mais moderno do que um blog.


Texto:sonia

2 comentários:

Daniel Savio disse...

Sabe o que eu acho interessante, é que se pensarmos bem, que é mais rico espiritualmente, o velho louco, ou o velho muquirana...

Fique com Deus, menina Sônia.
Um abraço.

Pensador disse...

Fiquei curioso para saber detalhes da conversa dela com o velho avarento. E de uma eventual conversa dela com o velho louco...